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O Manifesto da liga dos cientistas (extra)

Recebi uma ligação no meu dia de folga pedindo que eu escrevesse algo que nos represente como um grupo, que dê um caráter de legitimidade ao que nós somos. Pensei e pensei, mas percebi que tudo o que tenho pra falar é aquilo que nós sempre discutimos e que todos sabemos. Se tem que ser oficial, que seja, mas não será em formato burocrático, não fará referência a leis e nem nada. Vou colocar aqui apenas os nosso ideais, aquilo que nos une, pra que esses conflitos presentes se mostrem pequenos como são. Aqui eu vou apenas lembrar a razão de todos termos feito tantos sacrifícios e as consequências que já obtivemos, pra que ninguém esqueça do valor disso tudo.

Nosso diferencial

De onde vem o nosso diferencial? Afinal, não somos um grupo na sociedade como qualquer outro com suas tradições e com preconceitos que entravam o avanço da ciência? Somos tão arrogantes que ousaríamos dizermo-nos neutros? É o que muitos dos nossos críticos afirmam quando confrontados com os avanços que obtivemos e que foram a público. Pois eu digo que não é esse nosso diferencial.
Nosso diferencial é precisamente que respondemos apenas a nós mesmos. Não há pessoas que não entendem nada do que fazemos querendo ditar rumos pro nosso trabalho. Não há padres e nem legisladores que possam podar nosso potencial criativo. Nosso diferencial, em essência, é a nossa liberdade!
Aqui nós temos ideias contrárias, mas fatos falam mais do que qualquer argumento. Aprimorar uma técnica antiga ou criar uma outra completamente nova com base em um paradigma exótico é uma escolha que nós temos. No final, são os resultados que ditam o valor do nosso trabalho. Não é a mídia que decide nosso rumo, não é governo, não é religião e muito menos senso comum.
Nos unimos aqui por esse diferencial da liberdade: é aqui que fazemos a mágica da ciência acontecer! Essa emoção da descoberta, de saber mais e de poder mais. De curar uma doença, de melhorar a comunicação, de aprimorar a agricultura e as matrizes energéticas. De fazer avançar nossa ciência, que tanto amamos!
Não temos mais que esperar uma geração inteira até que as pessoas de fora comecem a entender e assimilar nossos avanços. Podemos dar o próximo passo! Podemos cruzar a fronteira e desvendar mistérios sem a preocupação de convencer estranhos e ignorantes de que nosso trabalho vale a pena! Afinal, como eles poderiam entender? Quem de fato entende a emoção de ver seu trabalho científico dar certo quando nunca fez um trabalho desse tipo? Não é ninguém de fora, ninguém que não nos entende, que deve nos regular. Nós somos seres pensantes, pensar é o nosso trabalho e temos pleno potencial de decisão. E escolhemos saber!

Nossos sacrifícios e conquistas

Sim, nós fomos embora de nossos países. E apenas com muito esforço aprendemos a língua dessa região. Apenas com muito esforço entramos em acordo com líderes locais pra manter o nosso sigilo enquanto nos mantivemos na luta pra manter o mínimo de subsistência com os esparsos recursos de que dispúnhamos. Mas agora temos patentes, agora nós temos recursos e, espero, estamos perto de alcançar total autonomia nessa região e no mundo! Agora nós somos uma força respeitada por governos e agências de espionagem!1
Nós agora fazemos experimentos no espaço e no centro da terra e a nossa ciência está sendo usada pra controlar o clima. Quem poderia sonhar que em tão pouco tempo nós seríamos capazes de controlar o aquecimento global e ao mesmo tempo desfazer desertificações por meio de manipulações climáticas? E quem diria que faríamos isso sem desequilibrar a dinâmica do planeta?
Quem diria que criaríamos o sistema nervoso artificial, que traríamos tanto avanço pra interface homem-máquina, que produziríamos exo-esqueletos tão precisos?
Pensavam que a ciência tinha poder, mas nem imaginavam do que somos capazes quando dispomos da rédeas de nosso próprio trabalho! Nós sacrificamos muito por isso, mas chegamos longe e tudo promete que chegaremos ainda mais. Nosso futuro é brilhante como o nosso presente e não podemos deixar conflitos pessoais entrarem no meio disso.


1É simplesmente irônico que eles pensem que, numa instituição tão burocrática como a deles, pode haver maior avanço técnico-científico que o nosso ao ponto de acharem que podem nos espionar. Como se não fosse de nós, os cientistas, que as técnicas de espionagem deles dependessem! Interessante foi quando deixamos um deles ver o que estávamos fazendo apenas pra ele relatar algo que eles nem sequer foram capazes de entender. Agora parecem ter entendido nosso poder e querem se aliar a nós. E nós sabemos fazer acordos mutuamente benéficos, não é mesmo?

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